quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Entendendo os Retalhos III - Estampadão ou estampadinho?

Esses dias bati o olho nesta foto na internet* e de imediato me veio a vontade de mostrá-la:


Uma peça deliciosa, com um ar bem "casa na roça", e totalmente scrap - ou feito com sobras. O bloco é o tradicional "churn dash" (facinho, facinho...)

Agora vamos olhar para eles cuidadosamente: alguns são bem definidos - há um grande contraste entre o tecido do fundo e o tecido que forma o design. Outros, nem tanto: repare no bloco do meio na segunda linha; e no último bloco da terceira linha: a gente não percebe o desenho tão facilmente. Por que? 

Duas respostas simples:

1) baixo contraste de estampas;
2) as estampas usadas nesses blocos são ambas muito elaboradas - ou "contêm muita informação". Assim sendo, as estampas roubam a atenção do design.

Agora repare no primeiro bloco da última linha: existe aí uma estampa bem elaborada, com desenhos graúdos e contraste de cores; mas ela foi usada junto com uma estampa basiquinha - no caso, um pretinho com mini-desenhos - e aí o design apareceu. Nos casos que citei acima, o design não apareceu porque foram usadas juntas - dentro do mesmo bloco - duas estampas muito elaboradas.

Mas isso é um erro? Necessariamente, não. Eu creio que esse foi o efeito desejado, mesmo. Mas é importante a gente entender essas noções na hora de selecionar retalhos para um projeto. Tudo depende do efeito final desejado: quer um efeito scrap despretencioso, como o da peça mostrada? Ou faz questão que seus blocos tenham boa definição?

Vamos ver uma outra peça scrap usando os mesmo blocos churn dash:


Este é um projeto* de planejamento mais cuidadoso: dentro dos blocos, todos os retângulos são em tons de rosa/bordô; e todos os triângulos são em tons de verde. Foram usados apenas tecidos discretos, de estampas miúdas, o que resultou em blocos com muito mais definição e desenho óbvio.

Seguindo o raciocínio que já expliquei nas outras postagens sobre o aproveitamento de retalhos: se eu fosse confeccionar a peça acima usando só um tecido rosé e só um tecido verde, provavelmente não teria o suficiente para cortar todas as peças. O truque é o de sempre: selecione várias sobrinhas de tecidos nas cores em questão; conte o número de peças necessárias; faça a divisão, e corte um tanto de peças de cada tecido. 

E aí? Já revirou sua caixa de sobrinhas hoje?

Até a próxima!

* foto 1: infelizmente não tenho como dar o crédito - a peça foi simplesmente postada no facebook sem a informação. Se alguém souber, me informe!

   foto 2: do livro "The Simple Joys of Quilt" - que traz ótimos exemplos de aproveitando restinhos de tecido. Designs inteligentes, criativos e - como diz o título - simples!