quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Exposição Relâmpago

Olá!

Na semana passada eu contei aqui que o ateliê ia participar da mostra do Núcleo de Artesanato da ACAJAL na 1ª Semana do Turismo do Circuito Serras Verdes. Houve eventos em várias cidades ao longo da semana; aqui em Pouso Alegre foi na segunda-feira, e nosso cantinho do artesanato fez sucesso!

Mostramos peças em Patchwork e também apresentamos o projeto AVE LÃ!, que envolve o trabalho com lã de carneiro (leia mais no meu blog "Falando de Fibras", aqui). Abaixo, algumas fotos da exposição:












O convite para esse evento veio de surpresa e há apenas algumas peças inéditas - junto com outros trabalhos exibidos nas três mostras anteriores. Todas as peças foram feitas por mim ou pela Consuelo Gonçalves. Mas para o mês que vem estamos preparando nossa mostra anual, com peças inéditas e participação de várias artesãs. Não percam!




sábado, 22 de setembro de 2012

Sincronicidades

Sexta-feira chuvosa aqui em Pouso Alegre, e folga no ateliê hoje - nenhuma aula agendada. Aproveitei e passei o dia quase todo trabalhando em projetos para a mostra que se aproxima - falta pouco mais de um mês.

Mas para aquecer as turbinas o ateliê vai participar, na próxima segunda, dia 24, de uma série de exposições de artesanato e artes plásticas no prédio do antigo fórum. O evento acontecerá a partir das13 horas e é parte da 1ª Semana do Turismo do Circuito Serras Verdes, do qual Pouso Alegre faz parte.



Vai ser uma mostra menor do que a da Galeria Artigas em outubro, mas mostraremos muita coisa bonita - patchwork, fiação, feltragem... Na verdade o ateliê mantém, desde 2008, o Clube do Retalho de Pouso Alegre - que no início desse ano passou a integrar o Núcleo de Artesanato da ACAJAL - Associação de Cultura e Artes José Antônio Lobo. Esse é apenas o primeiro evento do qual participamos em parceria - esperamos que muitos outros venham por aí!

Mas eu dizia que choveu muito hoje e fiquei no ateliê o dia todo. Trabalhando em várias peças ao mesmo tempo, a certa altura o CD da Suely Mesquita no notebook tocava:

"Dionísio é o Deus da zona,
Abençoe essa zorra imortal que eu faço vir à tona..."

Essa é a primeira faixa do CD Microswing e - não sei o motivo - achei que combinava com a bagunça a minha volta:


Daí o título da postagem - "sincronicidade" - sacou?

Nisso o carteiro chama no portão e me entrega o pacotinho com o CD The Reminders, da cantora Feist, que eu estava esperando há algum tempo. Abro o pacote, retiro o CD para ouvir e olha só a foto do encarte: 


Carretéis de linha! É ou não é sincronicidade?

Enfim, costurei e ouvi música o dia todo e consegui terminar alguns trabalhos; um deles foi o painel "Ovelha Negra" - uma representação da canção da Rita Lee para a mostra temática desse ano; só falta pregar o viés. Fotografei para mostrar, mas...opa!


...acho que a Tailee ficou com ciúmes! Ela deitou bem em cima da tal ovelha negra. Quem desejar ver vai ter mesmo de visitar a mostra. 

A Kimee, mãe da Tailee, não está muito longe: bobeei com a gaveta dos paninhos aberta, e lá foi ela:


Quem tem gatos nunca passa um dia sozinho.

Na semana que vem mostrarei fotos da exposição de segunda-feira. 

Até lá, bom fim de semana!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O quê que o Baú da Cotinha tem?

Ando pensando no blog do ateliê o tempo inteiro - é tanta coisa para mostrar e escrever que a gente fica sem saber por onde começar, como organizar as informações. Mas enfim, como o blog está nascendo agora acho que devo começar pelas apresentações!

Então vamos lá! Este é o ateliê:

Área da costura. 

Cantinho do chá, da bolachinha e da água fresquinha. Neste antigo barzinho também organizo os livros e CDs do ateliê. São cerca de 70 livros de patchwork e mais uns 30 de tricô, bordados, fiação, tingimento e preparação de fibras.

Meu cantinho de trabalho - onde crio, registro as alunas, desenho projetos... e escrevo no blog, é claro!

Área do relax: aqui as alunas podem sentar, ler, tomar chá, trocar idéias. A manta que cobre o banco é um trabalho que fiz já há alguns anos... mas fica mais bonito com o tempo! Aberta ela é assim:



E a estrela do ateliê: a máquina da Cotinha, minha avó. É uma Alfa, difícil de se achar hoje em dia, e que segundo minha mãe deve ter mais de 80 anos!

Ela fica sobre esta cômoda onde organizo (ou tento organizar!) os tecidos.

Nossa bancada de trabalho. Sobre ela está um sampler de blocos da Lotus, uma aluna que infelizmente mudou para Juiz de Fora, mas continua fazendo coisas lindas por lá!

E abaixo vão algumas fotos que tirei no ateliê, enquanto as alunas trabalhavam, em diferentes épocas:


Débora e Andréia escondidas atrás de suas aquarelas; falta ainda crescentar bordas e aplicações. Andréia vai aplicar borboletas e Débora, um ideograma oriental. Estes trabalhos estarão na mostra de 2012, em outubro.

Geny e sua romântica bolsa - a técnica é janela da catedral.

O sortudo cãozinho da Cristina vai ganhar uma manta feita com a técnica "dança dos quadrados".

Colcha espetacular feita pela Isabel; ela já é uma aluna avançada e fez esta peça toda - todinha! - sozinha em casa.

Marilena escondida atrás de sua primeira peça - um painel. Ela é minha aluna mais recente, mas já está arrasando!

Caleidoscópios da Terezinha em em formação.

Bloco "pata de urso" da Solange.
  
Colcha da Lissandra - participou da mostra de 2011.

Aquarela da Jesusa.

Bloco "card trick" sendo confeccionado.

Bloco Guirlanda da Vera.

Perceberam que minhas "meninas" são tímidas e a maioria prefere não sair nas fotos, né? Mas nas mostras que organizamos anualmente elas aparecem bastante! Os trabalhos acima são os chamados "genéricos" - peças que seguem as técnicas clássicas do patchwork. Nas mostras, no entanto, nós apresentamos sempre painéis temáticos - misturando técnicas diversas, mais alternativas, e baseados em temas bem brasileiros ou até regionais. Em 2010 o tema foi "Retalhos de Minas" e teve painel ilustrando canção do Beto Guedes, galos e galinhas no quintal, a religiosidade mineira... em 2011 o tema foi a literatura brasileira e os clássicos estavam todos lá - Machado de Assis, José de Alencar, Cecília Meirelles e muitos outros. Para ver fotos dessas mostras visitem os links abaixo:



Para a mostra desse ano o tema será a música brasileira. Canções do Cartola, Milton Nascimento, Rita Lee, Roberto Carlos e muitos outros serão ilustradas! 


A mostra está sendo organizada pelo ateliê e tem o apoio da ACAJAL, associação cultural aqui da cidade. Eu coordeno o núcleo de artesanato da ACAJAL, que no momento conduz dois projetos: o Clube do Retalho de Pouso Alegre e o AVE LÃ!, que apresentaremos ao público durante a mostra e sobre o qual vou falar mais nas próximas postagens.

Até lá!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Missão do Ateliê

Eu morava em Salvador quando vi pela primeira vez uma colcha em patchwork - ao vivo, em cores, na minha frente! Lembro até hoje de minha reação; não dava para acreditar que um ser humano "normal" tinha feito aquilo. Devia ser trabalho de uma fada.

Hoje, anos depois, como professora minha principal missão é provar às pessoas que não é preciso ter poderes de fada para fazer patchwork. É preciso ter capricho, boa vontade e conhecer as técnicas. E praticar. Qualquer pessoa pode fazer.

Não falo só de minhas alunas. Aqui na cidade todo ano o ateliê organiza uma mostra de patchwork - em outubro estrearemos a quarta exposição. No ano passado montamos uma sala de costura em plena galeria, e todos os dias houve demonstrações de técnicas diversas. No final da mostra montei esta peça com os blocos costurados ao longo de todas as demonstrações:

Manta de bebê confecionada durante a 3ª Mostra de Patchwork de Pouso Alegre (2011), na presença dos visitantes, e doada como prenda para o Bingo Anual da Creche do Foch (edição 2012).

Blocos confeccionados durante a exposição.

Outra missão importante do ateliê é desmistificar o patchwork como artesanato caro. A técnica anda em alta nos últimos anos, e com isso surgiram no mercado muitos diferentes tipos de acessórios e equipamentos, além de distribuidores de tecidos que investem no design de lindas estampas coordenadas. No entanto, é preciso lembrar a origem do patchwork: ele surgiu como forma de economizar, de aproveitar o que estava sobrando. Já contei um pouco sobre a história da evolução do patchwork em meu blog "Falando de Fibras" - nessa postagem. Na mesma ocasião mostrei como hoje há um setor do comércio que "pausteriza" o patchwork: vende kits para confeccionar peças, compostos por apostila com instruções e tecidos coordenados, já na quantidade certinha para aquele projeto. 

Sou um pouco contra esses kits; eles são práticos, massssss:

- são caros!
- as peças normalmente são pobres em design, pouco criativas: as estampas empregadas são maravilhosas, mas o patchwork em si é super básico; exemplo: 

Kit vendido em uma loja virtual americana: custa 99 dólares e inclui material para confecção do topo apenas - manta acrílica e forro não estão incluídos. Os design é extramamente simples - composto apenas por quadrados e retângulos.

- Um kit pronto é extremamentente conveniente: você não precisa combinar os tecidos, calcular nada, planejar, tomar decisões... Opa! Peraí: mas a idéia não é essa? 

Vamos refletir: a gente faz artesanato por três motivos, basicamente:

     1. ...porque a gente cobiça a peça resultante - é algo que queremos usar, ter em casa ou dar de presente;
     2. ...porque a gente curte o processo: desde o planejamento, a escolha carinhosa dos materiais, a confecção, o acabamento...
     3. ...porque a gente deseja ter uma peça única, exclusiva, com a própria "cara", que em nenhum lugar do mundo existirá igual.

Pois é. Essa idéia aparentemente moderna, prática e conveniente de se fabricar e vender tecidos já coordenados, combinados e calculados, parece satisfazer bem ao item número um acima: conseguimos finalizar uma peça em menos tempo, sem muito trabalho e sem grandes riscos. Mas quanto aos itens dois e três, eu diria que grande parte do prazer de confeccioná-la nos é roubado; e nunca teremos uma peça exclusiva.

Dentro desse raciocínio eu diria que a principal missão do ateliê é dar às alunas autonomia: para confeccionar uma peça em patchwork, é preciso uma receita: ela inclui o planejamento do design e dos tamanhos, a escolha dos tecidos e uma lista de corte - os "ingredientes". Nós podemos nunca criar as  receitas; podemos fazer lindas peças seguindo as instruções em livros e revistas. Mas nunca estaremos exercendo a criatividade que todo ser humano tem. Ou podemos aprender a combinar nossos próprios ingredientes, buscar inspiração, olhar a nossa volta à procura de temas... e confeccionar peças únicas! Isso é autonomia.

O ateliê Baú da Cotinha vai sempre encorajar as alunas e ensinar-lhes o necessário para que valorizem o processo e tenham autonomia. Nas próximas postagens mostrarei como. 

Até lá!