sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Em Ritmo de Mostra

Na última postagem eu mostrei um pouco de nossa exposição no evento da Secretaria de Turismo e Cultura de Pouso Alegre, semana passada. Pois bem: mal desmontamos uma exposição e já estamos nos preparando para montar outra!

Dessa vez vamos apresentar um evento maior, que já fez nome aqui na região - é o 4º ano em que acontece a mostra do Clube do Retalho, grupo formado por alunas e ex-alunas do ateliê. A 1ª mostra, em 2009, aconteceu meio por acaso, na galeria do Conservatório Estadual de Música; éramos poucas, mas conseguimos montar algo bem bonito e o sucesso foi grande. O patchwork ainda estava se tornando conhecido por aqui a maioria dos visitantes jamais havia visto uma peça "ao vivo". Naquela época eu estava dando aulas há poucos meses apenas, mas já tinha um compromisso: inovar. E, junto com peças tradicionais, algumas alunas apresentaram trabalhos resultantes de um experimento nosso: mandalas em patchwork. Infelizmente fizemos apenas algumas fotos genéricas e esta é a única foto razoável das mandalas:


Melhoramos um pouquinho no quesito "fotografia" desde então!

Em 2010, para a segunda mostra, tivemos uma idéia diferente: regionalizar. Ou seja, empregar as técnicas do patchwork para ilustrar nosso próprio contexto. O tema oficial se chamava "Retalhos de Minas". Nem todas as alunas aderiram, mas nosso pequeno grupo de aventureiras produziu estas peças especiais:

"Fé Mineira", trabalho meu.

"Galos e Quintais", de Leda Ribeiro.

"Paisagem da Janela", de Consuelo Gonçalves, inspirado na canção de Beto Guedes.

 
"Céu de Agosto", de Cida Moreira, inspirado na canção "papagaio de Toda Cor" de Milton Nascimento.

"Sagrada Família Rústica", trabalho meu.

"Quaresma nas Esquinas de Minas", trabalho meu.

"Quintais de Minas", de Lissandra Brito; levou o 1º lugar no Juri Popular!

No ano seguinte, 2011, o tema foi a Literatura Brasileira e a adesão foi total: enchemos uma parede da Galeria Artigas com peças baseadas nas obras de Machado de Assis, Aluízio de Azevedo, Graciliano Ramos, José de Alencar, Cecília Meirelles e muitos outros. Não há espaço aqui para tantas fotos, mas os trabalhos podem ser vistos no antigo blog do Clube do Retalho. Vou mostrar apenas o mais votado no Juri Popular - "Canção do Exílio", feito pela Jesusa Pinto, de Borda da Mata (novamente, a foto não faz jus ao trabalho - ele é todo, todinho rebordado à mão!):


Este ano vamos ilustrar as canções brasileiras, e já posso adiantar que haverá trabalhos baseados em Cartola, Rita Lee, Tom Jobim, Gilberto Gil e vários outros.

Nós temos, nos últimos anos, procurado definir um tema para a mostra para provocar um certo questionamento nas alunas: lidando com temas regionais, fica mais difícil buscar inspiração em publicações (as melhores são estrangeiras). Patchwork é sempre lindo, mas qual o sentido de confeccionarmos painéis ilustrando abóboras e cornucópias, símbolos do outono nos EUA? Ou painéis de Natal com pinheirinhos cobertos de neve? Ou projetos com anjinhos em estilo folk americano? Nada contra, mas precisamos buscar inspiração em nossa própria cultura - nossos símbolos, folclore e tradições. Essa é uma das missões do ateliê: ensinar as técnicas e depois provocar uma catarse - encorajar as alunas a romper com as regras, misturar técnicas, inovar.

Há algumas grandes artesãs no Brasil que têm se dedicado a um trabalho mais regionalizado, e suas peças são muito inspiradoras. Citando apenas alguns nomes de me vêm à mente de imediato (me perdoem se eu esquecer alguma): Jane Leonetti (minha xará!), Sarah Louise Kaminski, Ciça Mora, Joyce Loss... Mas vou deixar para falar delas mais para a frente.

Algo em que firmemente acredito é que toda artesã deve ser capaz de calcular as próprias peças e elaborar os próprios projetos - sem isso, fica mais difícil inovar. Nas próximas postagens pretendo mostrar como.

Inté!


2 comentários:

  1. Jane, tudo bem? Nos conhecemos no grupo Amigas da Agulha no orkut. Muito bacana esse seu trabalho com o artesanato. Sempre fui fã do seu trabalho, principalmente dos bordados... Muito bacana seu incentivo ao artesanato, a cultura. Um super bj

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  2. Obrigada, Cristiane! Nossa, quanto tempo! Sabe que quase não tenho bordado? O ateliê de patchwork toma muito tempo, e o bordado requer calma, paciência... Mas uma hora eu consigo! Abç!

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