quarta-feira, 17 de julho de 2019

Como Nasce um Design?

Este post é o primeiro de uma série que vai mostrar todo o processo de criação e confecção de uma peça em patchwork - um painel de nível avançado. Muitas pessoas se sentem intimidadas pela complexidade dos designs e a quantidade de pecinhas; e ficam imaginando por onde começar, e como conduzir um projeto ambicioso assim. Tudo é questão de planejamento e organização, e de enxergar e trabalhar por etapas. Acompanhe os posts sobre este projeto clicando no marcador "diário de um projeto" na coluna à direita. 

 A gente costuma ver como design apenas o desenho dos blocos de patchwork. Mas, na verdade, todo o conjunto é o design: os blocos que você escolhe; as cores e estampas que utiliza; a disposição dos blocos (perpendicular ou diagonal?); o tipo de borda que decide acrescentar – larga, estreita, simples, múltipla, subpartida... enfim, tudo é escolha, e suas escolhas são só suas. Por esse ponto de vista, somos todos designers.

O painel "Gaia" nasceu a partir de um tecido que escolhi usar. Eu desejava criar um projeto utilizando um dos blocos snowflake – "floco de neve" -, tradicionais mas sempre desafiadores. Eu queria algo étnico, em tons terrosos, mas que incluísse esse tipo de bloco. Também já tinha decidido que a disposição seria fora do padrão: diagonal e desalinhada, com blocos intermediários diferentes e menores.
Bloco snowflake tradicional. Um deles, na verdade. 

Primeiro esboço - empregando tons terrosos e posicionando os blocos em anglo de 45º, porém com as pontas desencontradas. Estas foram minhas primeiras decisões. Nesse ponto, também já havia decidido inserir um bloco estrela dentro do bloco principal.

Eu evito ao máximo comprar tecidos novos para qualquer projeto; digo sempre às alunas que o ideal é planejarmos os projetos de acordo com os tecidos que já temos; a gente tende a desenhar a peça e ir à loja comprar mais material – o que vai contra a própria filosofia do patchwork. Nesse caso, no entanto, eu precisei ir às compras: tenho muitas, muitas sobra depois de tantos anos costurando; mas precisava de um tecido grande o suficiente para ser o “fundo” do design. E foi aí que me apaixonei por uma uma estampa de folhagens, em um tom de verde forte que normalmente eu não escolheria como "coringa".

Decidi então representar a Terra e e o que ela nos oferece nesta peça: as matas, o fogo, o gelo, a terra, a água. Esse pensamento guiou as decisões que faltavam, principalmente a escolha dos outros tecidos – todos “raspinha do tacho”, catados aqui nas minhas sobrinhas. O projeto foi ganhando forma. Mas faltava ainda complementar o design: como mostrei acima, o posicionamento diagonal dos blocos abre espaço para blocos secundários.
Segundo esboço, já incluindo os blocos secundários: uma estrela maior ao centro, e estrelas menores no entorno.

Vou parar neste ponto, mas o desenho acima ainda precisa de peças de encaixe - que lhe darão o formato quadrado. E, por fim, virão as bordas - estou planejando várias delas, com detalhes extraídos dos blocos.

Nos próximos dias, então, eu vou mostrar como Gaia está sendo “construído”. Deparar-se com um projeto pronto é sempre intimidador. Lembro bem de quando vi uma colcha artística pela primeira vez: fiquei 20 minutos de queixo caído, achando que só uma equipe de fadas poderia ter feito aquilo.

Mas não é assim: o patchwork é acessível e qualquer pessoa pode aprender. Para fazer uma peça mais elaborada, é preciso antes de tudo ir "por partes": eu sempre divido meu projeto em setores, e foco em uma etapa de cada vez. E é isso que eu pretendo exemplificar com estas postagens.

Você, designer


Seja você também a designer de seus próprios trabalhos. Para isso, só é preciso ser observadora e aventureira: exponha-se a muitas fotos de quilts (e outros tipos de designs geométricos) e repare, note, observe.

Existem bons livros que apresentam opções bacanas de distribuição de blocos, tipos de faixas divisórias, possibilidades de posicionamento e de bordas. Meu favorito é “Sensational Settings”, de Joan Hanson. O subtítulo é, numa tradução livre, “Mais de Oitenta Jeitos de Distribuir seus Blocos de Patchwork”.  Infelizmente ele só existe em inglês e é difícil de encontrar. O livro chama a atenção para as inúmeras possiblidades, mas nestes tempos de internet, com um olhar aguçado a gente pode colecionar um bom repertório de ideias. 



Um de meus murais no Pinterest chama-se “Patchwork – Settings and Designs”; ali eu salvo o que vejo por aí de interessante. Não salvo fotos de quilts porque achei necessariamente bonitos, mas porque eles contém alguma sacada inteligente que dá um efeito único à peça. Esse mural é público: localize-me no Pinterest (Jane Rotta) e então procure pelo mural na lista. Aproveite a inspiração e inicie seu próprio mural.

Aqui no blog do ateliê você também encontra uma lição gratuita sobre geometria e design. Ela pode ser um bom ponto de partida.

 Amanhã estarei de volta com a postagem “DIA 1”. Até lá!

‘Bora treinar o olhar e acompanhar conosco o diário deste projeto?  Amanhã estarei de volta com a postagem “DIA 1”. Até lá!


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