Bom dia!
Lindo sábado aqui no Sul de Minas, mas muito frio - bom para costurar! O plano para este terceiro dia é juntar todas aquelas sub-unidades que deixei prontas no DIA 2.
Aqui estão as partes que preciso transformar em blocos:
Foi bem trabalhoso uní-las de três em três, formando linhas: eram muitos cruzamentos de costuras e pontinhas que precisavam encaixar certinho. Por isso eu não planejei para este dia outras etapas da costura:
Oops! Alinhei as peças na bancada para costurá-las, mas só quando fiz a foto acima reparei que um dos cantos estava na posição errada. Em blocos complexos assim é bem fácil cometer esse tipo de erro. Ainda bem que não cheguei a costurar!
Em seguida, foi preciso apenas unir as linhas para formar os blocos. Uma etapa também delicada e trabalhosa, mas perfeitamente possível. Voilà: blocos todos prontos!
Esta foi a etapa mais difícil deste projeto. Daqui para a frente vai ser mais tranquilo. Ainda preciso costurar outras peças que formarão o design, como mostrei na primeira postagem:
É incrível criar um projeto no computador e vê-lo tornar-se realidade! Por isso eu digo sempre: não podemos encarar o processo como trabalho no sentido negativo; o patchwork é lúdico e fascinante!
Mas eu gostaria hoje de falar um pouco sobre organização, eficiência e qualidade. É possível - e importante - enxergar os trabalhos manuais como arte; mas, particularmente no caso do patchwork artístico, é também fundamental considerar o processo pelo ponto de vista metodológico: Não dá para costurar quatro blocos de 113 pecinhas cada sem ter um método.
Vinte anos atrás, minha vida profissional sofreu uma grande guinada: Eu sempre havia trabalhado ensinando inglês e lidando com língua e literatura. Mas em 1998 aceitei, por necessidade, um emprego de tradutora em uma empresa estrangeira que fabricava equipamentos para plataformas de petróleo. Passei a lidar todos os dias com assuntos puramente técnicos.
Foi desesperador no começo: traduzia manuais de máquinas, especificações técnicas para aquisição de materiais, procedimentos de produção e administração; e compilava databooks de produtos. Comecei quando a fábrica ainda estava sendo montada no Brasil, e quando ela começou a funcionar descobri que faria parte do Departamento de Garantia da Qualidade - responsável pela adequação da empresa em padrões ISO 9000. Seríamos auditados por certificadores oficiais e pela Petrobrás.
Euzinha aos trinta anos, em meus tempos de vida corporativa. Ainda não tinha tido minha primeira máquina de costura... e nem sonhava que um dia teria um ateliê!
Foram três anos muito difíceis, porém nunca aprendi tanto em um período tão curto. A gente passa a olhar todos os objetos com outros olhos, porque entende que por trás de TUDO existe um processo. Mas de todas as lições, uma ficou para a vida toda e influencia a maneira como lido com tudo o que faço hoje em dia: o conceito de qualidade.
Para padrões da ISO, qualidade não é só fazer um produto durável; qualidade é produzir algo...
...com os materiais corretos,
...sem desperdício de tempo ou recursos,
...sem acidentes,
...sem prejuízo de qualquer tipo, e
...através de um processo consistente, rigidamente documentado, enxuto e metódico.
Não poderia haver improvisos, atrasos, enguiços, defeitos, surpresas.
Parece tudo muito rígido, né? E era. Segundo os auditores, não importava que estratégias utilizávamos, desde que tivéssemos métodos documentados, adotados e eficientes. Confiáveis, enfim.
Um exemplo que a maioria de nós conhece bem: uma pia bagunçada e cheia de louça. Simplesmente começar a lavar os itens vai gerar atrasos, frustração, interrupções. Processar a bagunça antes (empilhar por tipo, eliminar os restos, jogar uma água quente nas peças mais engorduradas, por exemplo) vai tornar a tarefa mais eficiente e rápida. Da mesma forma, despejar um cesto de roupas sujas diretamente na máquina de lavar, sem qualquer processamento prévio, vai exigir mais esforço do aparelho e não vai resultar em roupas muito limpas - podendo até estragar algumas.
Então, a ideia é: desenvolva estratégias:
- Olhe para cada projeto novo e divida o trabalho em etapas; estabeleça metas para cada etapa.
- planeje meios de manter cada conjunto de peças cortadas e/ou costuradas bem guardadas até a união final das peças (tem sugestão abaixo).
- Organize seu espaço de costura; tenha à mão as ferramentas necessárias; mantenha-as em bom estado - já vi muita aluna sofrer a aula toda com uma lâmina de corte cega; ou chegar aqui chorosa porque a máquina de costura em casa não estava funcionando bem (por falta de regulagem e limpeza).
Enfim: você precisa definir os resultados que deseja obter, e decidir com os alcançará. Sabe aquela frase de facebook que se ouve muito por aí: "Se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve". É isso aí. Esteja no controle. Força e fé, irmã! rsrsrsr
Aqui vão alguns exemplos que já postei no instagram - formas de organização que algumas alunas empregam:
Projetos em andamento pela aluna Beatriz Barbosa: ela utiliza saquinhos comprados em casas de embalagens para organizar as partes de seus projetos. No saco da segunda foto - ela guarda junto a folha de cálculo de cada bloco (no momento ela está trabalhando em um ambicioso sampler que envolve a confecção de mais de cem blocos diferentes!)
Para que o trabalho seja eficiente, é importante que o espaço também seja enxuto e bem organizado. As fotos abaixo são do tempo em que eu ainda não tinha o ateliê, nem sonhava dar aulas e costurava em um quartinho de casa. Minha bancada de costura ficava dentro de um armário!
Isto é um armário de apoio que em um quarto/depósito que eu tinha em casa na época; ele sequer tinha portas - apenas uma cortina. Ali dentro eu criei minha área de costura: na parede do fundo, um organizador de fotos servia para guardar réguas e tesouras; outras réguas e equipamentos iam pendurados em ganchinhos. Uma sapateira de TNT servia para guardar tecidos e projetos em andamento. Os livros e apostilas ficavam em um revisteiro. Nas prateleiras abaixo da máquina de costura, estojos com fitas, botões e outras miudezas.
Mais tarde, quando minha coleção de p aninhos cresceu, passei a organizá-los em cestos empilháveis comprados em lojas de descontos.
Já as fotos abaixo são do ateliê atual. Tudo no mundo de hoje custa muito caro, e portanto eu gosto de improvisar e reaproveitar. Meu filho diz que sou a "rainha da gambiarra":
Este mural de compensado perfurado e ganchinhos quebra um galhão: dá para organizar uma grande variedade de materiais e equipamentos.
A prateleira é do tempo do antigo quartinho que mostrei acima, hoje desativado; o gaveteiro foi removido de uma velha escrivaninha de escritório. O mural foi de lembretes foi feito com uma moldura de quadro: mantive só o vidro e usei quadrados de adesivo vinílico preto para criar espaço para as anotações. Escrevo nesles com canetas Posca.
Minha coleção de tecidos hoje está organizada em cestos como estes. eu tinha muita dificuldade de mantê-los em ordem, dobradinhos e separados por cor; hoje tenho um cesto que chamo de "o cesto da pressa": ali jogo tudo que não tenho tempo de arrumar logo após o uso. Quando ele está cheio eu sei que é hora de reservar um tempinho para processar tudo, dobrar e guardar no cesto correto.
Esta estante ficava no quarto da minha filha quando ela era bebê. Ela está com 22 anos. Mas uma pátina branca a deixou pronta para este novo uso!
É isto por hoje! Amanhã, apesar de ser domingo, haverá postagem nova - vou mostrar o DIA 4 do projeto, que rendeu bastante! Também tenho planos de costurar hoje - que será o DIA 5.
Vai costurar também? Mostra para a gente o que você está fazendo. Compartilhe conosco também suas dicas de organização.
Abraço e um ótimo sábado!
Vai costurar também? Mostra para a gente o que você está fazendo. Compartilhe conosco também suas dicas de organização.
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